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No fim da década de 80 meus pais trouxeram o Yoga para dentro de nossa casa. A princípio eles buscavam apenas uma maneira de aliviar o estresse, mas a partir dessa época muitas mudanças começaram a acontecer em nossa rotina familiar. Nossa alimentação e nossas conversas deixaram de ser as mesmas. Meus pais falavam sobre meditação e contavam histórias sobre os livros que eles liam. Eu não tinha a mínima ideia do que era Yoga, mas vendo meus pais agindo mais tranquilos, interpretei que o Yoga deveria ser algo bom.

 

Lembro-me do dia em que meu irmão e eu vimos nosso pai em um āsana pela primeira vez. Curiosos, nos aproximamos e imitamos o que ele estava fazendo. Perguntamos do que se tratava e pra que aquilo servia. Ele respondeu que estava praticando posturas de Yoga e que serviam para ajudar a meditar. Muitos anos se passaram até eu começar a entender do que ele estava falando, mas desde então, um interesse gradual começou a nascer em nós.

 

Essa curiosidade me levou a frequentar as aulas que meus pais faziam. A serenidade de seu professor, Paulinho, e as palavras de José Hermógenes que, uma vez por mês, vinha palestrar no espaço, me cativavam. As práticas que fazíamos eram passivas e muitas vezes adaptadas. No entanto, o processo introspectivo e a busca pelo estado meditativo eram explícitos. Até dois garotos, como meu irmão e eu, éramos cativados por essa atmosfera. 

 

Iniciar minhas práticas com essa abordagem e ter tido professores que tentavam verdadeiramente viver os valores do Yoga fizeram meu interesse ir crescendo.Embora eu tenha feito o primeiro contato com o Yoga cedo, seus valores filosóficos só começaram a entrar na minha vida anos mais tarde. O Yoga me ajudou muito no processo da adolescência e me fez mais alerta sobre hábitos alimentares, drogas e tendências naturais que existem em mim.

 

Anos mais tarde um grupo grande de amigos se reunia para praticar em nossa casa. Um dia, em junho de 2001, nosso professor Danilo Sathya Losso informou que não poderia mais dar aquela aula. A minha surpresa foi ainda maior quando ele disse que eu iria dar continuidade as aulas para que o grupo não deixasse de praticar. Como todos concordaram, eu acabei concordando também. Naturalmente minha abordagem e comprometimento com o Yoga mudou a partir desse fato. Mas mesmo praticando com mais empenho e tentando estudar mais sobre o assunto, a responsabilidade de dar aulas pesava bastante.

 

Em 2003 fui contemplado com uma bolsa de estudos do instituto Krishnamacharya Yoga Mandiram na Índia. Quando voltei ao Brasil consegui assumir com um pouco mais de conforto a tarefa de instruir pessoas sobre Yoga. Eu descobri que o professor é apenas um aluno que ensina aquilo que sabe e que dar aula me faz ser um aluno melhor.

Sempre que posso volto lá para aprender mais. 

 

Durante esses anos conheci e aprendi diferentes métodos. Nenhum deles me pertence

e a nenhum eu pertenço. Sinto que esta liberdade me ajuda e é benéfica a meus alunos.

O Yoga é um, e sua essência é descrita no Yogasūtra de Patañjali. 

A abordagem e a ferramenta a ser utilizada depende do praticante,

varia de acordo com o que necessitamos e deve ser renovada a cada dia.

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